24 maio 2021

MEIO PALMO DE LÍNGUA


 

MEIO PALMO DE LÍNGUA

Correu tanto que chegou a zunir... medo dá força pras pernas. Vai que....

Distraído, vinha caminhando na borda do mato, pelo caminhozinho do açude. O pai sempre falava para tomar cuidado, que a sombra do mato e o brilho de ouro do sol poderiam enganar uma pessoa. “Tome tento”! Lembrou bem disto quando subitamente a sombra do mato se fez escura e se moveu. O coração alvoroçou, os olhos arregalaram, os pés e pernas acharam toda a capacidade de movimento!

Não piscou, não encarou e nem esperou para ver o que poderia ser. O seu destino estava longe e o caminhozinho e pedregoso não facilitava ... “Mas pernas para que te quero” foi o mote da hora!

Correu desembestado, louco, morto de medo! Correu muito, vai que a sombra era perigosa!!!! Correu, correu, correu e correu a distância de todo caminho em pouco mais de 5 minutos. Chegou em casa e entregou os ovos que fora buscar... sem os sapatos, sem 2 botões na camisa e com meio palmo de língua para fora... Suava em bicas, mas estava seguro e sem saber exatamente o que era a sombra.

Um bom tempo depois chegou em casa o tio rindo... “moleque, que você é rápido, né? Eu vi você no caminho e nem pude dar boa tarde!!!”

 

 

                       Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

        Escreve às segundas feiras

 

 


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