QUEM QUER PÃO
A avó já falava desde sempre que fazer pão em casa era como
uma oração. Claro que era um exagero da vó, né? Mas com o passar dos anos,
agora já avô de 3 crianças, resolveu aprender a fazer cosas de comer em casa.
Viúvo, nem podia pedir à mulher pra dar este gostinho de comida caseira. Desde
que enviuvara comia na rua ou na casa de um ou outro filho ocasionalmente. Tinha
tempo de sobra para cozinhar. Fez experiência por conta própria e.. quase
desistiu. A alquimia dos temperos na medida certa não foi intuitiva, catou
livros de receitas e resolveu ter aulas via internet. Ria de si nas buscas de
como fazer pesquisadas no Youtube, mas foi dando certo aos poucos até que
resolveu fazer pães. Descobriu que era realmente como fazer orações, meditação,
rezas, o que fosse. Vovó tinha razão.
Deu de fazer pães tijolinho, rodinha, bolinho, salgados, com
frutas. Os netos passaram a pedir e comiam com gosto os pães do Vô Inácio.
Então passou a reunir filhos e netos para almoço e lanche de
fim de semana, e dar de “lambuja” umas amostras das delícias para os vizinhos.
Com o tempo começou a receber os vizinhos pra uma prosa e um lanchinho feito
por ele, desenvolveu petiscos que fizeram fama no bairro. E volta e meia vinha
alguém com mantimentos para fazerem juntos uma torta, um bolo, um pãozinho diferente,
já que ousou inventar. Chegou a ser convidado para fazer pães num evento
escolar e outro no clube de xadrez da vizinhança.
Quem diria que seguiria os caminhos da avó quituteira! Os irmãos
até voltaram a conviver com ele trazendo receitas antigas. De verdade, ficou
até mais ativo fisicamente. Afinal precisava gastar o tanto de coisa gostosa
que comia...
Maria
Lúcia Futuro Mühlbauer
Escreve às
segundas-feiras
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