19 fevereiro 2024

DE BALDE, CANECA OU CUIA


 

DE BALDE, CANECA OU CUIA

A tia Zefinha vivia falando que era um enorme esforço e debalde. Era uma referência até interessante pois tocava na vida familiar de uma forma bem “quente”. Ela se referia ao trabalho da irmã no intuito de tirar o vício de jogo do marido e do filho. Cada vez que tudo da casa era vendido (para depois ser comprado com o esforço das mulheres da família: mulher e filhas) as críticas chiavam como rastilho de pólvora e terminavam numa explosiva briga entre tios, avós, e sua mãe. As irmãs nem se metiam para não saírem chamuscadas. Ela própria pouco fazia pois nem tinha completado 13 anos e era 9 anos mais moça que seu irmão desajuizado. Procurava manter o que podia arrumado, roupa escondida para ir á escola e ajudava às outras a manterem a ordem.

Entretanto achava engraçado falarem que era um esforço debalde. No caso ela considerava mais amplo, era debalde, de panela, caneca e cuia. Nada adiantava, nada adiantaria se nunca acabasse a loucura deles pelas apostas.

                                                                                                          Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

Escreve às segundas-feiras

 

 

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