Ernande Valentin do prado
Bolsonaro tem razão, nunca houve ditadura militar no Brasil. Em 31
de março de 1964, o que houve foi a posse de um regime encabeçado por
militares, amparados por fuzis, tanques de guerra e tropas fardadas, é verdade,
e não pelo voto, como é o mais comum. No entanto o novo regime estava revestido
de uma ideologia cristão, que pregava a paz, a liberdade e a harmonia entre
todas as pessoas.
O movimento encabeçado por militares e com participação de
empresários, religiosos e da alta sociedade Brasileira, todos interessados no
bem social da maioria e no desenvolvimento do Brasil, foi saldado na rua com
muito entusiasmo por todos, sem distinção de classe, cor e religião.
Além disso, o mundo e as melhores cabeças pensantes do Brasil
compreendem e aceitam que é papel dos militares depor um governo civil
legitimamente eleito, quando ele é incapaz de governar para maioria, que como
todos sabem é composta da elite branca e cristão. Isso é democracia, isso é incontestável.
E, se por acaso esse governo militar ficou no poder até 1985, ou
seja, por 21 anos ininterruptos, foi porque respeitava a nação e era amado pelo
povo, como é característicos de um Regime Militar.
Não aconteceu, em 1968, quatro anos depois do golpe, quer dizer,
da posse dos militares, movimentos de rua pedindo democracia no Brasil, afinal
de contas, porque aconteceria movimento pedindo por democracia em um regime
democrático?
Como esse movimento pedindo por democracia, nunca aconteceu,
também não aconteceu o Ato Institucional número cinco, o famoso AI-5, que dava
poderes quase absolutos ao General Costa e Silva, que poderia ter
fechado o congresso nacional, congelado o salário mínimo, que na época era
muito alto e apoiado pelos empresários brasileiros, que como todos
compreendem, são legítimos representantes da nação e pensam apenas no bem de
todos e não no lucro acima de tudo.
Como não houve AI-5, também não houve a prisão, neste mesmo dia ou
noite, do ex-presidente Juscelino Kubitschek e centenas de outras pessoas por
toda parte. Paulo Freire, que liderava uma campanha cívica que pretendia
erradicar o analfabetismo no Brasil, nunca foi impedido de trabalhar, não foi
exilado e nem proibido de voltar ao Brasil por mais de uma década.
E sabe por que isso nunca aconteceu?
Porque no Brasil não houve ditadura Militar.
O regime instaurado no Brasil, desde 1964, pela vontade popular
soberana, nos garantia democracia plena. Tanto é que o Regime Militar nunca
precisou usar força física e poder bélico para convencer a população que fazia
o seu melhor. Todos percebiam isso com naturalidade. Nunca, aqui no Brasil,
houve tortura de opositores, nem de comunistas, nem de padres, nem de mãe de
santo. Isso porque o Regime, respeitava todas as
religiões, todos os pensamentos, como é próprio das democracias.
No Brasil, entre 1964 e 1985, não existia corrupção, não existia
problemas no sistema de saúde, nem sistema de saúde existia, isso porque a
população era sadia. Todas as crianças estavam na escola, todas vacinadas, não
houve epidemia de sarampo, nem de meningite. O saneamento básico era prioridade
absoluta e generalizada em todas as cidades.
No INPS, que concentrava os serviços de saúde e assistência
social, não houve fraudes gigantescas e generalizadas. O dinheiro público não
foi usado, com autorização de generais, para financiar serviços de saúde
privados sem que eles fossem obrigados a atender a população.
Está claro que isso não aconteceu nos órgão de saúde, porque não
houve ditadura no Brasil, somente se tivesse havido ditadura militar, poderia
se imaginar que absurdos como esses poderiam ter acontecido, porque em
ditaduras não se pode investigar desvio de dinheiro, corrupção e muito menos
divulga-los em jornais e TV.
Os jovens, filhos da classe média ou do mais humilde trabalhador
rural, tinha vaga garantida em uma escola sempre perto de sua casa, inclusive
em universidades públicas de qualidade.
Os militares eram muito bons administradores e pensavam no bem da
maioria dos brasileiros. Por isso, o projeto desenvolvimentista que
implantaram, deu resultados excelentes, sobretudo para os trabalhadores, que
recebiam um alto salário e conseguia comer carne, verduras, legumes, todos os
dias e ainda sobrava para fazer uma gorda poupança. E, claro, não precisavam
trabalhar mais do que seis horas por dia, nem fazer horas extras para
complementar a renda. Todos tinham carteira assinada, o que lhes garantia
todos os direitos legais, inclusive em caso de acidentes de trabalho, quando
aconteciam, o que era muito raro.
Essa situação contribuiu muito para que o trabalhador tivesse saúde, tanto física quanto mental. E como todos devem saber, ter uma
boa saúde mental só estando em um regime de liberdade total e segurança.
O Brasil, nestes anos prósperos do Regime Militar, era seguro,
tanto é verdade que não existia esquadrão da morte dedicados a executar
marginais por fora do sistema legal. Como todos sabem só existem milícia e
esquadrão da morte quando a polícia não funciona bem e, nos anos do Regime, a
polícia e o sistema legal funcionava com esmero e todo cidadão confiava e tinha
orgulho da polícia, sobretudo da militar.
Nunca, nos anos do Regime, um motorista, sobretudo de caminhão,
teve que pagar propina para um policial de transito liberá-lo de uma multa. Não
era hábito do responsável pela segurança pública pedir um guaraná, comer sem
pagar no comércio ou cobrar um por fora para garantir a segurança local.
Os militares não desperdiçavam dinheiro com obras faraônicas, como
a Transamazônica e nem faziam empréstimos junto ao FMI, isso porque sabiam que
os juros seriam altíssimos e prejudicariam o país no futuro, como por exemplo, com a explosão da inflação, que durante o Regime esteve sempre controlada e
baixa, o que garantiaque os produtos vendido tinham preços
razoáveis. E, mesmo que os preços fossem altos, o salário mínimo não era tão mínimo, era suficiente para tudo que o trabalhador precisava,
inclusive para férias na Disney, pagar plano de saúde, já que o SUS não existia, e muito mais.
O Regime nunca censurou os jornais, nem as TVs, nem os músicos eram
obrigados a mudar a letra de suas músicas. Isso nunca aconteceu no Brasil
comandando pelos militares.
Os generais jamais precisaram se aliar a rede globo para manipular
a opinião pública, nem distribuíram concessões de canais de rádio e TV para
políticos e empresários aliados do Regime. As empresas multinacionais com sede
no Brasil eram éticas e nunca financiaram grupos paramilitares para perseguir, tortura e
sumir com os corpos de estudantes considerados subversivos.
O jornalista Vladimir Herzog não foi torturado e assassinado
nos porões da ditadura, nem o operário Manoel Fiel Filho, nem nenhuma outra
pessoa, afinal de contas nunca houve porões durante o regime militar.
O coronel Brilhante Ustra, homem de bem, temente a Deus, nunca
precisou torturar ninguém para obter a verdade, pois diante de sua força moral
os subversivos não conseguiam mentir. Nunca esse dedicado militar torturou mães
na frente de seus filhos, nem as estuprou na frente dos maridos, nunca colocou
ratos na vagina de guerrilheiras, isso porque no Brasil do Regime Militar,
nunca houve guerrilha, nem tortura.
E, como não houve ditadura, os militares, que supostamente eram
encarregados de torturar os opositores para obter confissões, não frequentaram
o treinamento na Escola das Américas, instituição também chamada de Instituto
do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança, e não aprenderam a
torturar com especialistas norte-americanos da CIA.
No Brasil nunca houve ações de guerrilheiros, como assaltos a
banco, atentados e sequestro de embaixadores estrangeiros, sabe por quê?
Primeiro porque não houve ditadura e se não houve ditadura, é
óbvio, não pode ter havido luta de guerrilha contra a ditadura. Segundo porque
todas as partes, todos os pensamentos, todas as ideologias sentavam-se juntos
para discutir, elaborar, pensar o Brasil, como em qualquer democracia.
Se não houve ditadura, nunca houve o fim da ditadura, nunca houve
campanha pela anistia, afinal de contas nunca houve exilados. Não houve
campanha pedindo o direito de votar para presidente, a chamada campanha pelas
diretas já, afinal de contas só em ditaduras se proíbe o voto direto da
população para eleger seu maior mandatário, não é verdade?
E, como não houve ditadura no Brasil, também não houve
militar desertando e mudando de lado, como dizem que fez o lendário Capitão
Lamarca.
Durante o governo do General Figueiredo, militares descontentes
com uma possível abertura política e volta de governos civis, nunca se
revoltaram e começaram a deixar Cartas-bombas em bancas de jornal, em editoras
e entidades da sociedade civil, como A Igreja Católica, a Ordem dos Advogados
do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, entre tantas outras.
E em abril de 1981, militares revoltadíssimos com um suposto fim
do regime militar, não tentaram explodir um show musical no centro de
convenções do Rio Centro. Como isso nunca aconteceu, também não foi preciso a
realização uma investigação séria por parte do governo militar, nem na época
nem depois.
Bolsonaro está certo, nunca houve ditadura militar no Brasil,
nunca, nunca, nunca mais.
Referências:
Ditadura militar (1964-1985) - Breve história do regime militar...
- Veja mais em Disponível em: Acessado
em: 27 mar. 2019.
Tortura no
Brasil. Acessado
em: 27 mar. 2019.
[Ernande
valentin do Prado, publica às 6tas-feiras]